segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Uma nova mulher: coleção de verão da Osklen leva a grife das areias à festa na cobertura

  (Foto: J.R. DURAN)

Em 21 de março passado, quando as luzes da maior das salas de desfile montadas na Bienal se acenderam logo após a apresentação da coleção de verão da Osklen, um rapaz atrás de mim comentou com sua acompanhante: “Nossa, que evolução, parece que a mulher da Osklen finalmente perdeu a virgindade!”. Achei graça na hora, quase olhei para trás, mas a multidão afoita em seguir para o backstage ou sabe-se lá onde não me deu chance de conferir quem era o autor da prosaica afirmação. Por isso, não tenho como dar o crédito toda vez que repito o bordão para explicar por que gosto tanto do tal desfile, e mais ainda das peças que depois encontrei nas araras da loja.

Mais vibrante, colorida e, por que não, sofisticada e adulta do que normalmente costumam ser as coleções da grife carioca, a deste verão parecia mesmo feita sob medida para uma mulher que gosta de flertar escancaradamente, que faz caras e bocas e adora sensualizar de vez em quando, na foto para o Instagram ou ao vivo e em cores. Talvez “culpa” dos tons de pedra preciosa dos looks, que garantem glamour instantâneo; ou quem sabe das estampas em forma de diamante (luxúria na veia); ou ainda dos bustiês em formato cônico e da silhueta notadamente mais justa, fato é que Oskar Metsavaht conseguiu imprimir umar mais mulher fatal que a surfista cool normalmente associada à grife.




Quando comento a tal história da perda da virgindade com Oskar, tempos depois, ele joga o tronco para trás mostrando surpresa, mas depois se recompõe, põe o dedo indicador nos lábios como faz sempre que pretende dizer algo importante, e retruca: “Não acho que a mulher da Osklen fosse virgem, mas a deste verão com certeza gosta mais de sexo. Ou pelo menos gosta mais de seduzir”. Essa conversa aconteceu em outubro, na festa pós-amfAR na casa de Lenny Niemeyer, e Oskar vestia jeans preto e t-shirt da mesma cor, talvez um dos poucos homens sem smoking por lá (ele não havia ido ao gala), mas estava confortável, seguro, não destoava de ninguém. Quando fiz essa observação, ele não perdeu a deixa: “Pois a mulher da Osklen que eu imagino é exatamente assim. Ela se veste de um jeito que fica bem tanto numa festa mais formal à beira da piscina do Copa, que continua numa baladinha numa cobertura da Vieira Souto, depois emenda um after no Vidigal e amanhece nas areias do Arpoador para um mergulho”, definiu, me deixando exausta só de imaginar o périplo. “E ela está chique e sensual, confortável, em todos esses momentos. Vai do gala à calçada.”






Mês passado, quando Metsavaht já sabia que eu iria escrever sobre essa “evolução” da feminilidade na Osklen, falamos ao telefone para detalhar o que havia mudado nesta coleção. “Sempre começamos a criar a partir de um briefing que dou para a Juliana (Suassuna, diretora do departamento de estilo da grife). Neste verão, disse que queria cor, brilho, sensualidade e uma pitada de anos 60.” Juliana, que trabalha na Osklen há mais de 13 anos, praticamente desde que saiu da faculdade, é uma espécie de alter ego de Oskar (os dois até se vestem meio parecidos). Ela seguiu o rumo proposto pelo chefe e acertou em cheio ao escolher tecidos mais sofisticados como a zibelina metalizada, que garantiu o ar sessentinha que Metsavaht queria, mas sem o excesso de futurismo à la Paco Rabanne que volta e meia contamina estilistas, deixando a mulher igual à princesa Lea de Guerra nas Estrelas.






Oskar parece preocupado com a tal frase do moço pós-desfile, sobre a virgindade, e insiste que a mulher da Osklen sempre foi sexy. “Mas é a minha visão de sexy, né?” E o que afinal o atrai numa mulher? “Ela tem de ser elegante, cool, ter alma, inteligência.” Ok, suspiro, pensando que essa é uma “resposta de miss” que não vai nos levar muito longe. Mas ele percebe minha decepção e continua: “Tenho fixação por costas; sempre adorei saltos ornamentais. Acho muito sexy mulheres com costas e ombros de fora, são as zonas mais erógenas do corpo, assim como orelhas e pescoço”. Opa, ganhei mais do que esperava. Fico em silêncio torcendo para ele ir adiante, e Oskar não decepciona: “Tem coisa melhor que beijar a curva do ombro? A nuca também deve estar sempre livre, e as roupas da Osklen traduzem essa visão”. Faço uma retrospectiva mental dos desfiles da grife, e uma série de looks com costas, ombros e pescoço nus aparece sucessivamente.

A mulher da Osklen de fato não era virgem, ainda que a visão de sensualidade de seu criador seja bastante mais sutil que os decotões e pernas de fora que em geral encantam as brasileiras (e os brasileiros também). Mas é inegável que neste verão a silhueta deu uma encolhida, ficando mais perto do corpo. Pode não ser ainda um Hervé Léger, mas tampouco são os vestidos ou macacões extralarge que volta e meia povoam a passarela de Oskar e Juliana. “Foi a nossa interpretação dos 60”, explica o momento mais justinho. Ele então me pergunta o que achei da nova coleção de inverno, que havia sido desfilada uma semana antes da nossa conversa, inspirada na Copa do Mundo. “Sei que muita gente considerou oportunista, mas sempre tive vontade de fazer um desfile sobre futebol. Não jogo bem, mas o ritual de ir ao estádio é uma coisa linda. Gosto dos gestos, de assistir da arquibancada. ”Digo que não me incomoda o suposto oportunismo, mas que havia menos sensualidade que na coleção anterior. Ele parece frustrado. “Talvez seja um pouco menos noturna”, concede. “Mas você viu aqueles vestidinhos que parecem lingerie?” De fato, costas e ombros estavam totalmente à mostra. Pode não ser uma sensualidade tão latente quanto à do verão, mas ninguém pode dizer que, com tanta pele de fora, a mulher da Osklen não queira transar.





Fonte: Vogue



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