segunda-feira, 31 de março de 2014

Costurando Zuzu Angel: retrospectiva lembra estilista no ano em que sua grife será relançada


Zuzu em close nos anos 60; (Foto: Acervo Editora Globo, Gilvan Barreto, André Seiti, Joan Marcus e Divulgação) De tempos em tempos, a vida, a obra (e a luta) de Zuzu Angel emergem dos arquivos e memórias de sua filha, a colunista Hildegard Angel, para os salões de exposição do País. Agora, Hilde reúne cartas e documentos que pertenceram à mãe, além de célebres croquis e vestidos, para a maior retrospectiva em homenagem à estilista que costurou o Brasil para fora numa época em que tudo o que vinha de dentro era considerado folclórico. “Quando todos obedeciam aos critérios americanos e europeus, ela pensava em padrões que atendiam ao Brasil”, diz Hilde. “Era uma heresia fazer isso nos anos 60, uma época em que ninguém vestia nada que tivesse a bainha um centímetro acima ou abaixo da medida de Paris”, completa a colunista que assina com a dinamarquesa Katia Johansen (presidente do Costume Committee do International Council of Museums) a curadoria da mostra, que ocupa o Itaú Cultural, em São Paulo, a partir de 1º de abril.


A retrospectiva antecede o relançamento da grife neste ano por Hildegard. A equipe de estilo não está definida, mas terá designers formados pelo Instituto Zuzu Angel (mix de centro cultural, faculdade de moda e acervo da estilista) e poderá ser encabeçada por Alice Tapajós, estilista carioca dona de marca homônima, que fez grande sucesso nos anos 80 e fechou as portas em 2004.


Aqui, com a filha Ana Cristina Angel, em 1971, ambas com vestidos da grife. Ao lado, look de sua coleção política do mesmo ano (Foto: Acervo Editora Globo, Gilvan Barreto, André Seiti, Joan Marcus e Divulgação)

Inédita em terras paulistanas, a trajetória de Zuzu também será narrada através de vídeos de momentos icônicos de sua carreira, como o desfile de protesto realizado em Nova York (1971) contra os algozes de seu filho, Stuart, preso, torturado e morto nos porões da ditadura militar na mesma época – depois de ter a certeza do assassinato do filho, a estilista passou a usar preto para mostrar seu luto, além de um colar com um pingente de anjo e um cinto de crucifixos.

Objetos e fotografias do ex-militante também serão apresentados, muitos pela primeira vez, assim como algumas estampas de Zuzu que não chegaram a ser produzidas. “São desenhos lindos que remetem às suas origens, em Minas Gerais, ideias que passeiam por conversas de comadre, barulho dos pássaros, motivos juninos, enfim, retratos de um estilo de vida que ela defendia. Tiramos do fundo do baú.”



Zuzu entre os filhos Hildegard, Ana Cristina e Stuart (1957); caixa e fita de embrulho da grife desenhadas por Waltercio Caldas (1973); (Foto:  )


Outros destaques que merecem ser vistos bem de perto – pois Zuzu não só criava, mas costurava e moldava nos mínimos detalhes como os grandes mestres da couture de seu tempo – são os vestidos de renda que fizeram sucesso na Bergdorf Goodman em 1972, primeira loja internacional a reconhecer e festejar sua moda prendada. Preste atenção no modelo “Rain”, de1967, com paetês prateados bordados à mão sobre gazar cor-de-rosa, feito sob medida para a bombshell Joan Crawford. (HERMÉS GALVÃO)

Em tempo: a exposição também entra na agenda do São Paulo Fashion Week com um desfile-performance dirigido pela estilista Karlla Girotto; durante a apresentação, modelos e atrizes desfilarão réplicas de modelos da estilista e também declamam trechos de correspondências escritas por Angel aos seus contatos próximos durante sua busca pelo filho Stuart. A performance acontece no hall de entrada da semana de moda no próximo 02.04, às 17hs.

Fonte: Vogue

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